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quinta-feira

Quem são os eleitores batatas e amestrados?





Querida amiga Neuza Zuena

Foi muito estimulante nossa conversa sobre as perspectivas e os obstáculos políticos brasileiros. O movimento reflexivo que fazes para te posicionares nesta conjuntura é muito rico e belo. Em nossas conversas demonstras processo evolutivo na compreensão dos problemas e soluções dos projetos postos em discussão nesta campanha. Primeiro, disseste que não votarias na santa mulher de Deus, a missionária Marina Silva. De modo mais inicisivo não darias teu voto à Presidenta Dilma, que chamaste de “essa aí”, de maneira alguma. Hoje ao voltares espontaneamente a este assunto me perguntaste por que votar em Dilma. Quanto argumentei sinalizaste que refletirias sobre isso. 

Admiro-te, querida amiga Neuza, pelas características de teu ser, de tua formação e da flexibilidade consciencial que demonstras ao, humildemente, perguntares e dialogares sobre temas nacionais que dizes não dominar inteiramente. És uma evangélica pentecostal liberta de dogmas escravizadores e de fundamentalismos cegos. Talvez por isso tua mente seja fulgurante e inquieta. Coisa boa ver isso numa mulher minha amiga, uma desbravadora sem pieguice. 

Em nossa conversa transpareceu os modelos “eleitores batatas e os amestrados”. 

Eleitores do primeiro tipo são os que se movem em todas as direções como se fossem batatas espalhadas numa carroceria de caminhão grande em movimento. São tubérculos que não sabem quem é o motorista nem qual seu roteiro nem seu plano de viagem. Percebem apenas que de tempos em tempos ou de trechos e trechos os motoristas se revezam, mas não sabem o que pensam nem para onde as transportarão. 

Assim são muitos eleitores: são vivos, mas sem consciência política ampla e profunda de seus direitos sociais e de seus deveres como cidadãos. Uma notícia nessa semana demonstrou bem esse fenômeno: grande número de pais e mães mandam seus filhos “pesquisar” na internet sobre os “melhores” candidatos e assim aguardam o dia do encontro com as urnas. Os critérios que adotam para a escolha excluem partidos, história de lutas e comprometimento com o País. Tudo o que buscam entender reduz-se às vidas morais pessoais dos candidatos, de modo muito conservador. As buscas online são do mesmo tipo que seus filhos fazem ao copiarem trabalhos solicitados pelos professores. As aludidas “pesquisas” que não leem, não entendem e têm raiva de quem lê e entende. Assemelham-se ainda ao que muitas pessoas fazem ao se informarem sobre remédios e sobre complementos para emagrecimento. Tudo no chute, sem compromisso com a realidade apontada pela ciência. São como batatas transportadas num caminhão que se chama Brasil, cujos motoristas dirigentes políticos não sabem quem são nem com o que se comprometem. 

Normalmente os eleitores batatas se orientam pelo que lhes diz a mídia urubu, tanto dos meios tradicionais de comunicação como sua reprodução na internet. A mesma que funciona como partido dos do contra e dos que rezam a oração do quanto pior melhor. Nas filas de bancos, de lotéricas, nos transportes coletivos etc mencionam os prognósticos dos urubus ao dizerem perguntando: “você viu o que fulano disse sobre a Dilma?” “Você viu o que disseram sobre o filho do Lula?” Hoje, inclusive, observei um homem gritar ironicamente para um pedinte idoso que procurasse a Dilma para se aposentar pelo INSS, afinal ela é muito boazinha. Tal como as batatas que se batem fortemente ao ponto de se ferirem esses eleitores são agressivos, autoritários e donos da verdade. Diferentemente de ti, minha amiga, os batatas não perguntam, não dialogam e pensam que sabem tudo. 

Os eleitores batatas são apreciadíssimos pelas tais pesquisas que medem a opinião sobre os candidatos, encomendadas e manipuladas pelos institutos de pesquisa. Como batatas soltas dentro de um caminhão ora apostam num candidato, ora noutro. Dependendo de um acontecimento, como a queda de um avião, por exemplo, os batatas apostam numa, dependendo do que a urubulogia de plantão indica, apostam noutro. Os donos das mídias adoram os batatas e os usam como pressão para suas intenções e suas disputas de audiência. 

O que preocupa na atuação dos tubérculos soltos é que o que importa para os maus motoristas, aqueles que se acham donos do caminhão Brasil, é a “avaliação” dos movimentos inconstantes e irresponsáveis dos batatas. Os pretensos proprietários do Brasil “amam” os batatas e odeiam os que efetivamente se organizam para indicar o motorista correto e influenciar na construção do programa e da agenda justa para a viagem, digna para todos e para os batatas, inclusive, de preferência encaixotadas e bem encaminhadas no processo de reeducação política. 

Um parágrafo mais sobre os eleitores batatas. São massas de manobras  insensíveis: não ouvem, não veem, não tocam, não cheiram e não degustam a realidade. Tudo lhes é servido nas mãos. Os coitados não conhecem a definição de consciência e do valor da inteligência crítica. Nas redes sociais são indiferentes aos fatos. Israel mata palestinos, os Estados Unidos praticam terrorismo em troca de petróleo, uma candidata qualquer e subnutrida de patriotismo no Brasil diz que doará o pré-sal, que destruirá as leis trabalhistas e que  entregará o Banco Central aos banqueiros para que o sistema financeiro de rapinagem destruam a economia do País e os batatas continuam postando as mesmas mensagenzinhas românticas, alienadas e superficiais em sua páginas. Pior, mesmo repetitivos, bobos e cansativos acham que fazem shows. Nas igrejas os coitados dos batatas pedem que Deus resolva tudo e "faça a sua vontade", sem que eles precisem agir para mudar o mundo. Sua fé é uma maravilha acomodada e preguiçosa. Nada precisam fazer, o seu deus bonachão e quebra galho tudo faz pelo mundo enquanto os batatas continuam a rolar de um lado para outro no caminhão precipício abaixo. 

Por isso  no Rio Grande do Sul, onde o governador Passo Genro liderou um movimento de governadores no País para mudar a lei de alícotas que oprime os Estados e sangra suas economias, corre o risco de não se reeleger porque os batatas não estão nem aí para seu Estado e para o seu País. Aqui em Goiás um governador seriamente comprometido com a contravenção se reelegerá graças aos eleitores batatas, acríticos e arrogantes que nele votarão porque têm preguiça de mudar, como no Paraná e em São Paulo. Uma professora do ensino "superior" de uma faculdade daqui, uma das batatas do batatal goiano, exprimiu muito bem o solo onde se cria: "se o Marconi se candidatar 12 vezes, 12 vezes votarei nele. Ele rouba, mas faz". Isso é que é ser excelente batata. Em Brasília os batatas davam maioria de opinião favorável ao ladrão e desqualificado Arruda, preso e condenado por assalto aos cofres públicos. Mas os batatas não estão nem aí. Eles não conhecem a realidade. Gostam de discursar que votam em pessoas e não em partidos. Votam sim, inclusive e principalmente nos bandidos e criminosos.


Os eleitores amestrados exercem forte influência sobre os batatas e com eles aliam. Seu poder de sugestão chega a ser amedrontador e ameaçam pisar nos batatas e esmagá-los sobre a carroceria do caminhão em movimento. Os amestrados alegam conhecer tudo da viagem e qual motorista é o melhor para a direção da carga. Os amestrados agem muito por
exclusão e selecionam os que mais servem aos seus interesses, aos seus interesses de classe dominante, acentue-se. Os métodos usados são os mais desonestos e sujos possíveis, justificados pelos fins, pelos objetivos que alegam nobres. 

Os amestrados selecionam candidatos a motoristas que contenham em suas habilitações histórias ou sensibilidades para vender e ganhar muito, desde que os lucros se depositem sob os pés dos que se imaginam donos do caminhão e da viagem. 

Os amestrados preferem sempre candidatos a motoristas que se oponham cega e irracionalmente aos homossexuais, aos socialistas, aos comunistas, aos negros, aos pobres, aos indígenas e aos trabalhadores. 

Os amestrados gostam de verdades não comprovadas, com teor mentiroso, mas que sejam as suas verdades. São dogmáticos e alegam receber orientação do céu de um tal espírito santo. Um seguimento de evangélicos adestrados distribuiu revistas e panfletos de caráter calunioso e criminoso no Rio de Janeiro, como denunciou o deputado federal Jean Wyllys na Carta Capital (clica aqui para ler). Um amigo meu, coordenador da campanha de um candidato a deputado estadual aqui de Goiás, me contou que oito pastores evangélicos independentes se reuniram com um candidato oferecendo-lhe votos em troca de R$25.000,00 para a “obra do Senhor”. Meu amigo investigou outros candidatos e soube que a todos os tais pastores procuraram oferecendo votos vendidos pelo mesmo valor. Isso lhes renderia milhões de reais. Tudo em nome de falácias e de mentiras com objetivos corruptos de venda de votos. 

O comportamento desses eleitores amestrados e oportunistas é crescente e vergonhoso. Comecei a notar esse fenômeno nas eleições de 2001. Desde lá se vê fatos espantosos, sempre eivados de mentiras, corrupção, calúnias e crimes, praticados, inclusive, desde púlpitos e palcos de igrejas, cujos pastores e padres são cabos eleitorais daninhos contra a democracia e a justiça social. 

Esses eleitores contribuem para agravar a situação dos eleitores batatas, que se movem também pelo que os adestrados lhes dizem. 

Os adestrados são treinados pelos donos do mundo. Não se contentam com adestradores nacionais e pequenos. Suas mentes apreciam ordens dos donos moradores de mundos mágicos. Suspiram de saudade de Nova York, de Miami, de Paris, de Jerusalém etc. As rações que os satisfazem são as compradas à custa de vendas de estatais e com a corrupção dos bancos, essa amada fonte de acalmar adestrados.  Eles adoram canais de TV e de aparecer na mídia. Suas técnicas de comunicação são baseadas na neurolinguística, que nasceu como teoria séria e virou picaretagem usada para enganar e pressionar os batatas espirituais.

Esses problemas somente se resolverão com a reforma política e com a ampla motivação de participação popular e cidadã nas decisões da escolha do motorista, do seu plano de viagem e na organização da própria viagem. A Ibrapaz que presido prestará enorme serviço sagrado à construção do conhecimento cidadão dos que se libertarem do mundo dos batatas e dos adestrados manipulados pelos safados que mandam no mundo!

Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, livre dos amestrados e dos batatas. 

PS. É evidente, querida Neuza, que as figuras que usei nesta carta para identificar certas categorias de eleitores, uns modelo batatas soltas numa carroceria de caminhão e outros tipo animais adestrados, não tem o objetivo de ofender a ninguém, mesmo que a falta de capacidade para o debate leve algumas pessoas a ofender e agredir  violentamente, mas o de pensar no gigantesco risco de alienação que todos corremos. Teu exemplo é maravilhoso pela resistência à manipulação e pela disposição aberta e reflexiva de compreensão do processo complexo da realidade que nos envolve, desafiando nossa inteligência e nossa consciência cidadã. 

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